WOOL 2025
MURAIS
Boa MisturaES
Stelios PupetGR
Lidia CaoES
Lígia FernandesPT
INSTALAÇÕES
AmpparitoES
RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS - MÚSICA
SurmaPT
Bia MariaPT & Coro ViésPT
ESPECTÁCULO DE DESENHO EM TEMPO REAL
“DESENHOS EFÉMEROS” por António Jorge GonçalvesPT
EXPOSIÇÃO
WOOL @ Museu da Covilhã _ exposição permanente
“Boas e Más Ideias” por Hugo MakarovPT
MASTERCLASS
“Boas e Más Maneiras” orientada por Hugo MakarovPT
“DESENHOS EFÉMEROS: o desenho como performance” orientada por António Jorge GonçalvesPT
CINEMA
“CROSSROADS – el viaje circular de Boa mistura”ES _ estreia de documentário
“Grand Tour” de Miguel GomesPT
MÚSICA
Vasco Fazendeiro & João SemedoPT
Má-horaPT
LX30PT
CISMA Studios DJsPT
ACÇÃO ARTÍSTICA COMUNITÁRIA
“Todos Somos o Outro” por A Avó Veio TrabalharPT
CONVERSA
Podcast Portugal ManualPT _ gravação da temporada WOOL 2025 season (10 episódios)
WOOL TALKS | Conferência Internacional de Arte Urbana
RUA WOOL
WORKSHOPS – Artistas de Rua por Valice Atelier, Azulejo Experimntal por Marta Amaro, Cianotipia por Luana Lobato, Punch Needle por Oficina da Rita, Rodilhas por Adufeiras da Casa do Povo do Paul and Tatuagem por Coé Tattoo
MÚSICA – Bia Maria & Coro Viés, “Contos e Lenga Lendas” por Gil Dionísio, Fanfarra 4XX, Jam Session por CISMA, Tear Sonoro e DJs Estúdios CISMA
CONVERSA – Portugal Manual _ gravação da temporada WOOL 2025, epis. 9
MASTERCLASS – “Boas e Más Ideias” por Hugo Makarov
INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS – ‘Desenhos Efémeros’ por António Jorge Gonçalves, ‘Cardápio Poético’ por Alice Neto de Sousa, ‘Todos Somos o Outro’ por A Avó Veio Trabalhar and ‘Memurial: efémero mural’ por Umbra
JOGOS – Jogos do Helder e WOOL | wall by wall (app)
MURAL PARTICIPATIVO – WOOL 2025
BANCAS DE RUA
COMES & BEBES
ALMOÇO COMUNITÁRIO
VISITAS GUIADAS
Oriented by a member of the organisation
Oriented by a member of the organisation with a Portuguese Sign Language interpreter
Oriented by a member of the organisation in a tuk tuk (electric)
Training and capacity building
PEÇAS CRIADAS
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O WOOL voltou a invadir a Covilhã em 2025 para a realização da 12.ª edição do mais antigo festival de arte urbana em Portugal. E ambicionando continuar a assumir-se como exemplo de descentralização, inclusão, coesão social e transformação do território e da comunidade através da Arte, apresentámos novamente uma edição com uma programação multidisciplinar, de intensa criação e ocupação do espaço público.
O resultado não poderia ter sido mais positivo: milhares de visitantes, novos murais e instalações artísticas, mais de 45 actividades de criação e usufruto cultural, a consolidação da RUA WOOL e o mais determinante: a certeza da possibilidade de construção de uma comunidade mais participativa e coesa através da Arte e da Cultura.
Ao longo de 9 dias, foi possível acompanhar a actuação dos artistas Boa Mistura (ES), Lidia Cao (ES), Stelios Pupet (GR), Lígia Fernandes (PT) e as instalações de Ampparito (ES), que contribuíram para o já consagrado Roteiro WOOL que faz hoje, inegavelmente, parte da paisagem e do imaginário da Covilhã.
A obra de maior dimensão e absolutamente marcante para a Covilhã e para a história do WOOL é a parede dos Boa Mistura, colectivo reconhecido mundialmente pelos seus projectos de construção comunitária. Um mural com mais de 450 metros quadrados de dimensão com a palavra “AMOR” repetida várias vezes com diversas cores e formas. Segundo os artistas, a escolha da palavra não foi feita ao acaso, representado uma necessidade e urgência face ao momento que atravessamos a nível mundial. Assume-se como um apelo a “amar mais” firmado na Covilhã, que pode ser visto de vários pontos desta cidade e que será reconhecido muito além-fronteiras como manifesto global.
Já a portuguesa Lígia Fernandes deixou na cidade três novos murais que respondem à reflexão sobre a perda da rua na vida infantil da Covilhã – onde andam as brincadeiras de antigamente? É nesta exploração que a artista deixa em mural brincadeiras como “aí vai lenha”, “corrida com arcos” e as “escondidas”. Estes murais podem ser encontrados na zona histórica da cidade e no processo da sua feitura foram-se juntando várias pessoas e mãos, que assinam, juntamente com a artista, estas paredes.
Ao Roteiro de Arte Pública WOOL acrescentam-se ainda os murais de Lidia Cao e Stelios Pupet, que tendo como inspiração comum o trabalho do pintor local Eduardo Malta e na figura feminina, se focam em temáticas distintas: a persistência e resistência da mulher e o cuidado e devoção à natureza.
Além dos murais, a dupla espanhola Ampparito criou duas instalações de arte mais conceptuais que estão neste momento nas ruas da Covilhã. A primeira delas, “Naranjo para calle”, é uma laranjeira enjaulada e abre a reflexão sobre a necessidade de colocarmos grades, fechaduras, cadeados nos objectos a que atribuímos valor quando os colocamos na rua. A segunda é um portão de uma fábrica antiga da Covilhã que foi recuperado por esta dupla de artistas. No projecto a que intitulou “Verde memoria”, o portão cobre-se de seis tons de verde diferentes, variedade que provém de diversos relatos de antigos funcionários da fábrica acerca da tonalidade original do portão. Torna-se assim uma homenagem à memória e à forma como ela é personalizável.
Mas, como esperado, não ficámos por aí! Apresentámos muita música, acções de capacitação e masterclass, tecnologia, workshops, actividades comunitárias e participativas, lazer e conhecimento, novas actividades e o consagrar das antigas. E com tudo isto, reforçámos os laços comunitários que ao mesmo tempo são o mote e o resultado do festival, confirmando ser este o caminho para as nossas ambições.
No arranque para a 12.ª edição do WOOL, inaugurámos numa sala do Museu da Covilhã uma exposição permanente dedicada a todo o percurso que fizemos ao longo dos últimos 14 anos. Nesta sala, recorrendo a texto, vídeo, imagem, mesa com réplica táctil e recursos de acessibilidade, está uma amostra do que somos enquanto festival de arte urbana, enquanto agentes de uma comunidade e enquanto cidadãos apaixonados pela cidade.
No que se refere à programação musical, os mini-concertos voltaram a ser das acções com maior adesão por parte da população local e visitante. Destaque especial à estreia do projecto Má-Hora, que passou de tocar no seu quarto para uma escadaria com mais de 120 pessoas. Este mini-concerto foi um de três com curadoria da CISMA, uma parceria de já três anos com o festival. Os outros dois mini-concertos ficaram a cargo de Vasco Fazendeiro & João Semedo e do projecto LX30.
Também Surma e Bia Maria actuaram para plateias lotadas e atentas. No caso de Surma foram apresentados os resultados de uma residência sonora e visual que captou sons e imagens característicos da Covilhã e da região. Já Bia Maria levou ao palco o seu mais recente disco “Qualquer Um Pode Cantar” e o resultado da colaboração com o Coro Viés – Vozes em Intervenção, um grupo totalmente feminino recentemente criado pela cooperativa de intervenção social Coolabora. Este espectáculo aconteceu perante uma Igreja de Santa Maria completamente lotada, numa data em que as artistas subiram a palco vestidas com as cores da Palestina em solidariedade com os acontecimentos de destruição massiva em Gaza.
Saindo da música, houve tempo ainda para o espectáculo de desenho em tempo real “Desenhos Efémeros”, de António Jorge Gonçalves, perante uma via pública do centro histórico repleta e de olhos fixos na parede intervencionada em directo. No dia antes, a estreia do filme “CROSSROADS – el viaje circular de Boa Mistura”, um documentário que acompanha os melhores trabalhos e a sua relação com as populações locais realizados pelo colectivo espanhol Boa Mistura um pouco por todo o mundo. Tanto num como noutro, o WOOL voltou a ser palco de preocupações sociais e políticas, numa clara vontade de reagir às ansiedades e preocupações sociais actuais.
As WOOL TALKS voltaram na edição de 2025 com um programa mais reduzido, mas não por isso menos pertinente. Durante a tarde de 27 de junho, dois painéis internacionais reflectiram sobre criação em espaço público, democracia e acessibilidade, temas pertinentes e urgentes debater no cenário actual do nosso país. O pensamento nesta edição do festival teve também lugar na acção de capacitação com Maria Vlachou sobre o tema “A missão das organizações culturais”.
Como o pensamento e conhecimento não ocupam lugar, este ano houve a oportunidade de saber mais sobre a história da arte urbana, a história do WOOL e a história da Covilhã numa noite de Quizz. A curiosidade, a diversão e a competição saudável juntaram-se no bar do Oriental de São Martinho e resultou numa noite de amizade e cultura a não esquecer.
Na programação extensa e diversa da 12ª edição do WOOL houve ainda tempo e espaço para duas masterclasses: “Boas e Más Ideias”, orientada por Hugo Makarov e que acompanha a exposição do mesmo artista durante o festival, e “Desenhos Efémeros: o desenho como performance”, de António Jorge Gonçalves.
O WOOL foi ainda cenário e casa para a gravação de 10 episódios da temporada WOOL 2025 do podcast Portugal Manual. Um dos episódios foi gravado ao vivo e decorreu durante a RUA WOOL, que novamente ocupou as ruas do Centro Histórico da Covilhã com um sem fim de actividades dos mais variados formatos e disciplinas artísticas: instalações, workshops, concertos, um mural participativo, jogos tradicionais e muito mais! A RUA WOOL foi o lugar onde novos, velhos, residentes, visitantes, com e sem deficiência, de todas as cores e estaturas, nacionais ou internacionais, se encontraram, participaram e aprenderam lado-a-lado. Foi o lugar onde pudemos novamente vivenciar simultaneamente o passado e o presente, a tradição e a modernidade e distintas sonoridades. Foi bonito reviver memórias e construir outras para o futuro, entre muitos miúdos e graúdos, com os de cá e os que chegaram de muitas outras geografias.
Se a edição WOOL 2025 ambicionava fomentar a participação, de forma transversal em toda a sua programação, ela iniciou e terminou com um projecto especial. Idealizada pelo projecto A Avó Veio Trabalhar, a acção artística comunitária “Todos Somos o Outro”, que realizada entre os meses de abril e junho, envolveu na sua construção mais de 500 pessoas, com idades compreendidas entre os 6 e os 100 anos, oriundas de inúmeras geografias como Sobral de São Miguel ou Casegas na Covilhã, mas também de Manteigas, Fundão, Lisboa, Oeiras, Cascais ou Seixal. Todas elas, voluntariamente, produziram 600 pequenos quadrados de esmirna, que se uniram no último dia do WOOL, em forma de um tapete, uno e belo, pleno de diversidade e identidade. Esta acção, só poderia ter terminado com outro momento de igual partilha e comunhão: um almoço comunitário, que atraiu até ao Jardim Público da Covilhã, mais de uma centena de pessoa que puderam partilhar a refeição como quem partilha a vida. Na verdade, é sobre isso que tudo isto se trata, não é verdade?
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